Após morte de casal nos EUA, família relembra partida semelhante de avós

Saúde

A história do casal que morreu de mãos dadas após viver junto por 60 anos em Nova York, nos Estados Unidos, relembrou uma história especial para a família da paranaense Ester Carneiro Silvério, de 43 anos, que perdeu os avós no mesmo dia, em Ca  mbé, no interior do estado, em agosto de 2013.

 

Os avós de Ester morreram com uma diferença de 15 horas. Lázara Ferreira Batista e Anibal Oliveira Lemes morreram com 91 e 94 anos respectivamente. Eles foram casados por 76 anos. Ele estava com pneumonia e foi levado para o hospital durante a madrugada com falta de ar e não resistiu. Os filhos, que não contaram para a mãe sobre o estado de saúde do pai, se surpreenderam ao descobrir, pela manhã, que Lázara havia morrido dormindo, após ter uma parada cardíaca.

No entendimento de Ester, em ambos os casos, a união falou mais alto até mesmo na hora de se despedir. "A história é bem parecida com a dos meus avós. Eles eram muito unidos e, por um pedido de Deus, morreram no mesmo dia”.

Para a família, aceitar a morte dos dois no mesmo dia só não foi tão difícil porque o destino fez o que o casal sempre quis. "Um dia meu avô disse para minha mãe que queria morrer no mesmo dia que ela. Mas, se isso não fosse possível, ele queria que a minha avó fosse primeiro para ela não sofrer. E acabou acontecendo o que eles desejaram", contou Ester.A cumplicidade do casal era tão forte que, segundo a família, os dois ficavam doentes ao mesmo tempo. "Quando o meu vô era internado por algum motivo, a minha vó ficava triste, não comia. Parecia que ela estava sentindo as dores dele também. E isso acontecia com o meu avô também. Eles se amavam muito", lembra a neta.

Outro caso que chamou a atenção, também no Paraná, foi o do ex-ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Milton Luiz Pereira. Há dois anos Pereira morreu, aos 79 anos, em um hospital de Curitiba sete horas depois do falecimento de sua mulher. Rizoleta Mary Pereira, morreu por volta das 19h do dia 15 de fevereiro de 2012 e ele, às 2h20 do dia seguinte. Os dois tinham câncer no pulmão e estavam internados juntos para realizar o tratamento contra a doença.

Casal dos EUA morreu com 36 horas de diferença  (Foto:  Orleans Hub)

Situação parecida aconteceu com o casal americano, quando Ed Hale, de 83 anos, prometeu à mulher, Floreen Hale, de 82 anos, que nunca a deixaria. Os dois se conheceram em 1952. Ed prometeu cuidar de Floreen pelo resto da vida, e os dois nunca se separaram.

Após problemas de saúde, os dois foram internados. Ainda no hospital, trocaram juras de amor, deram as mãos, e alguns minutos depois Floreen morreu. Ed permaneceu ao seu lado e morreu 36 horas depois. Os dois foram enterrados juntos no dia 13 de fevereiro.

Para a presidente da Sociedade de Geriatria e Gerontologia do Paraná, Débora Christina de Alcântara Lopes, as situações podem ser encaradas como comuns entre idosos que viveram juntos por muitos anos, mais por uma questão emocional do que qualquer outra explicação. "A gente sabe que a parte emocional está relacionada com a saúde, principalmente se quando a pessoa perde alguém muito próximo, começa a ficar restrito a certas atividades que fazia antes", explica.

"Com isso, mudam os fatores imunológicos, a perda de massa muscular começa a aparecer, os remédios já não são tomados com rigor, enfim, a pessoa vai se deteriorando e acaba, infelizmente, morrendo também", acrescenta.

Outro fator de risco apontado pela especialista são os problemas cardíacos. Segundo ela, a notícia de algo que mexa muito com o emocional, como a perda de um ente querido, pode ocasionar um infarto.