Sem recursos, hospital no oeste do Paraná resolve fechar 10 leitos de UTI

A direção explicou que os leitos não estão cadastrados no SUS e, por isso, a unidade não recebe os valores pelos atendimentos dos pacientes que ocupam essas vagas. Além desses, há outros 10 leitos, todos cadastrados, que continuam o atendimento no sistema de saúde pública. Pelas contas do hospital, mensalmente, cerca de R$ 200 mil deixam de ser repassados à unidade, por causa da falta do cadastro.

O dinheiro é pago pelo governo federal, por meio do Programa Porta Aberta, além de outros R$ 30 mil de complemento do governo estadual. O prejuízo total chega a R$ 140 mil por mês. Segundo os diretores do hospital, outro problema é o valor repassado pelo governo para manter os pacientes na UTI. A entidade recebe R$ 472 por diária o que, para a direção, não cobre os gastos de quem está na terapia intensiva. “A região macro norte, que é a de Londrina e a região macro Leste, de Curitiba, todos recebem R$ 800 e aqui no oeste, nós recebemos R$ 472”, reclama o superintendente do hospital, Thiago Stefanello.

Pelo menos 30 funcionários podem perder os empregos. Conforme Stefanello, com o fechamento será possível economizar cerca de R$ 200 mil mensais. “O motivo é financeiro. O SUS não cobre. A HOESP vem pagando para manter essas UTIs abertas e, para que essas dívidas não se tornem maiores e para que não inviabilize o pagamento do corpo clínico e dos funcionários, nós precisamos tomar essa atitude”, pontua Stefanello. Sem vagas A redução das vagas no Hospital Bom Jesus complica ainda mais o atendimento de pacientes que necessitam da terapia intensiva.

Na 20ª Regional de Saúde, que compreende Toledo e cidades vizinhas, há cerca de 300 mil moradores, que só terão as 10 vagas remanescentes do Bom Jesus para serem atendidas. O indicado era que houvesse, no mínimo, 40 vagas. Os 20 leitos que existem hoje no Bom Jesus vivem lotados. Em Palotina, cidade próxima a Toledo, estão sendo construídos outros 10 leitos, no Hospital Municipal. No entanto, a entrega deve ocorrer apenas no segundo trimestre deste ano. Já o Hospital Regional de Toledo, cujo prédio está pronto, ainda não tem previsão de ser inaugurado.

A diretora da 20ª Regional de Saúde, Denise Liell, afirmou que ainda não foi notificada sobre a decisão, mas espera que os diretores do hospital desistam da ideia. “Não interessa à Secretaria Estadual da Saúde o fechamento desses 10 leitos, por causa da consequência, que nós sabemos que vai impactar junto à população. E nós temos que pensar muito nessa questão da assistência e da acessibilidade das pessoas que necessitam”, diz.