O Governo do Paraná afirmou, nesta quinta-feira (29), que não tem data para pagar os benefícios atrasados dos servidores estaduais. A Secretaria da Fazenda informou apenas que os pagamentos serão "reprogramados para os próximos meses". Já os salários vão ser depositados normalmente na sexta-feira (30).Entre os benefícios que não foram pagos, estão as férias e o terço de férias de dezembro e janeiro, vale-alimentação dos servidores da saúde que recebem até dois salários, diárias dos últimos quinze dias dos policiais e bombeiros militares que trabalham na Operação Verão e promoções.
Os professores da rede estadual de ensino, contratados via Processo Seletivo Simplificado (PSS), esperam desde do dia 10 de dezembro pelos benefícios. “Está todo mundo com medo de não receber, e não é só o pessoal do PSS”, diz Pryscylla de Souza, que é professora de matemática.
Para aqueles contratados por concurso público, o governo deve apenas o terço de férias. “Estou na rede pública desde 2004, e esta é a primeira vez que atrasa”, comentou a professora que lecionada para séries do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio.
O anúncio da efetivação de 5.222 novos professores aumentou ainda mais a preocupação. “Não tem dinheiro para pagar esses e vai chamar mais?”, questiona Pryscylla. De acordo com o governo estadual, apesar da crise financeira, a nomeação destes profissionais simboliza a prioridade dada à educação.
O problema em relação aos pagamentos vai além do setor educacional. Policiais e bombeiros militares, que estão no litoral do Paraná, em virtude da Operação Verão, estão com as diárias atrasadas.
Os pagamentos deveriam de ser pagos no início de cada quinzena do mês, porém, a primeira de janeiro foi quitada com atraso, e, conforme os policiais e bombeiros, eles não foram informados sobre uma possível data para o pagamento da segunda quinzena.
Na área da Saúde, além do terço de férias – devido a todo servidores que agendaram o descanso para dezembro e janeiro - segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Saúde Pública do Estado do Paraná (SindSaúde), o governo estadual deve o auxílio-alimentação para 1.200 funcionários que ganham até dois salários mínimos. Normalmente, o benefício é pago até o dia 12 de cada mês.
A diretora do SindSaúde Elaine Rodella afirmou ao G1 que o pagamento foi solicitado pela Secretaria de Administração e pela Secretaria de Saúde, porém, ainda conforme o sindicato, por ordem da Secretaria da Fazenda, foi bloqueado.
“Existe uma apreensão, uma insegurança, pelo futuro. Quando o patrão, qualquer que seja ele, não cumpre o seu compromisso, além da ansiedade, tem a revolta a indignação, a vontade de reagir”, declara Elaine Rodella.
O governo chegou a atrasar quase seis meses o pagamento do ticket alimentação, de R$ 15,00, dos funcionários da saúde que trabalham em locais que não possuem refeitório ou cozinha. O débito foi quitado na terça-feira (27).
Posicionamento do Governo
Questionado sobre esses atrasos, o Governo do Paraná atribuiu a crise financeira à queda de arrecadação e disse que os pagamentos serão reprogramados. "O Governo do Estado vem encontrando dificuldades momentâneas em alguns pagamentos em virtude da queda de arrecadação motivada pelo desaquecimento da economia nacional. Esses pagamentos estão sendo reprogramados para os próximos meses ou tão logo a arrecadação se normalize"..
A Secretaria da Fazenda, que neste segundo mandato do governador Beto Richa (PSDB) irá controlar de perto os gastos da administração estadual, já divulgou algumas medidas de auteridade na tentativa de alavancar o caixa. No início de janeiro, foram públicados 18 decretos com o intuito de reorganizar as finanças.
(Foto: Divulgação/ ANPr)
Sem salário no alto escalão
Nesta quinta-feira (28), o Executivo anunciou que o governador Beto Richa (PSDB), a vice-governadora Cida Borghetti (Pros) e os secretários estaduais não receberão o salário de janeiro. Eles abriram mão da remuneração deste mês. A medida foi oficializada por meio de resolução publicada em Diário Oficial.
Segundo o governo estadual, a decisão reforça as medidas de austeridade para o ajuste fiscal do Estado em razão das perspectivas negativas em relação à economia nacional
Nota da redação: é falsa a reportagem que circulou na internet nesta quarta-feira (28), atribuída ao G1, afirmando que o salário do funcionalismo iria atrasar. O Núcleo de Combate aos Cibercrimes (Nuciber) da Polícia Civil do Paraná investiga a origem da reportagem falsa. De acordo com o delegado-titular do Nuciber, Demétrius Gonzaga, é fácil perceber a falsificação.