Após tumulto, Alep vota redação final do Plano de Educação do Paraná

Politica

Os deputados estaduais votam nesta terça-feira (23) a redação final do projeto de lei que institui o Plano Estadual de Educação do Paraná (PEE-PR), que estabelece as diretrizes para o ensino para os próximos dez anos.

A discussão tem sido acalorada em virtude de um ponto polêmico, que fala sobre a teoria do gênero. De acordo com esta teoria, as crianças devem aprender que as características físicas, que definem homem e mulher, não são determinantes na opção sexual.

Nós entendemos que a educação sexual é um papel da família, não é um papel do estado"

Gilson de Souza (PSC)

Na segunda-feira (22), a galeria da Assembleia Legislativa estava cheia de cidadãos que decidiram acompanhar de perto a segunda e a terceira votação do projeto.

Diante de algumas manifestações, o deputado Ademar Traiano (PSDB), presidente da Casa, se exaltou e mandou uma professora calar a boca.

“Cala a boca, menina”, disse o parlamentar. Imediatamente, Traiano foi vaiado pelas demais pessoas que estavam na galeria. Mais tarde, ele se desculpou. “Eu retiro, com humildade, eu retiro a expressão cala a boca, com humildade”. A professora foi retirada do Plenário.

Traiano reagiu às manifestações contrárias ao pronunciamento do deputado Gilson de Souza (PSC), que não concorda com a teoria do gênero, vindas da galeria. O parlamentar foi chamado de ignorante. “Não só eu, mas mais gente o chamou de ignorante”, disse a professora que foi impedida de seguir acompanhando a sessão.

Para Souza, educação sexual é dever da família. “Nós entendemos que a educação sexual é um papel da família, não é um papel do estado. O estado não tem que se envolver com esta questão. Tem que respeitar o direto de cada pai educar o seu filho como quer”, argumentou o parlamentar.

O que ele propõe é apenas que não haja discriminação"

Péricles de Melo (PT)

Há ainda os deputados que acreditam que o Plano Estadual de Educação do Paraná fala apenas sobre discriminação.

“O que ele propõe é apenas que não haja discriminação. Nós sabemos que existe ainda muita discriminação, bullying, e eu sou contra isso. Então, eu discordo da ideia de que o que está em jogo no Plano Estadual de Educação é a questão de gênero, que não está”, disse o petista Péricles de Melo.

O texto vai para redação final nesta terça-feira sem o termo “gênero”. Os deputados aprovaram uma emenda que a expressão do texto. “Foi retirado, foi substituído por outro termo ‘homem e mulher’”, disse o deputado Professor Lemos (PT).

A emenda que obrigaria o estado a investir 30% do orçamento em educação foi rejeitada em Plenário. Desta forma, permanece o que prevê a Constituição Estadual, ou seja, investimento  mínimo de 30%.