Das 11 adolescentes que sentiram mal-estar após tomarem a segunda dose da vacina contra o HPV (papiloma vírus humano) na semana passada, três continuam internadas por problemas de locomoção, em Bertioga, litoral de São Paulo.A Secretaria Estadual de Saúde está acompanhando os casos, mas já descartou qualquer relação dos sintomas com a imunização assim como com o lote da vacina. Na tarde desta terça-feira (9), a mãe da adolescente, Natália Barbosa, 13 anos, a costureira Darci dos Santos, 51 anos, informou que a filha voltou a mexer as pernas e que provavelmente deve receber alta do hospital nesta quarta-feira (10).
— A médica me disse que a Natália não tem problemas neurológicos e também não terá consequências motoras no futuro.
O pediatra Renato Kfouri, presidente da SBim (Sociedade Brasileira de Imunizações), reforça que é preciso investigar com cuidado o motivo que levou a paralisação das pernas, já que a "vacina é extremamente segura com poucos relatos graves de efeitos colaterais".
— Desde 2006 quando a vacina foi aprovada nos Estados Unidos, muitos países a usam em larga escala, inclusive em meninos. Das 67 milhões de doses aplicadas nos Estados Unidos, apenas 22 mil pessoas relataram algum efeito adverso, o que representa 0,03%.
Kfouri também lembra que um estudo feito na Dinamarca e na Suécia com 700 mil pessoas que aplicaram a vacina e outras 700 mil que não tomaram mostrou que o aparecimento de qualquer problema de saúde foi menor no grupo vacinado.
— Dessa forma, acredito que não há motivo para suspender a ação do governo federal, especialmente porque uma dose da vacina é insuficiente para garantir a proteção contra o HPV. Inclusive, as meninas que ainda não tomaram a primeira dose devem se imunizar.
Entre as reações da vacina, o presidente da SBim cita dor no local da aplicação, inchaço ou vermelhidão na pele. Em casos mais raros, a pessoa pode apresentar dor de cabeça, febre, desmaios e até convulsão.
Onde e quando tomar a vacina
A vacina contra o HPV faz parte do calendário nacional de imunizações e, atualmente, está disponível gratuitamente apenas para meninas entre 11 e 13 anos. A segunda dose da vacina começou a ser aplicada no dia 1º deste mês. A vacinação será feita nos postos de saúde e em escolas públicas e particulares que mostrarem interesse em imunizar suas alunas. A primeira dose foi aplicada em março deste ano.
O vírus do HPV é transmitido por meio do contato sexual e responsável pela quase totalidade dos casos de câncer de colo do útero. Segundo o Inca (Instituto Nacional do Câncer), esse é o segundo tumor mais frequente na população feminina, atrás do câncer de mama, e a segunda causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.