Tinta de cabelo pode trazer riscos a bebês

Saúde

  1. Loira, ruiva ou morena. O estilo não importa, mas quem não abre mão de colorir as madeixas deve ficar atenta quando um bebê está a caminho. Apesar de não haver comprovação científica oficial sobre os efeitos nocivos dos produtos utilizados para pintar ou alisar os cabelos, os médicos são unânimes ao contraindicá-los durante a gestação.

Para engrossar o coro médico, uma pesquisa feita pelo biólogo Arnaldo Couto, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), encontrou evidências de que o uso de tinturas e alisamentos de cabelo durante a gravidez aumenta em quase duas vezes o risco de o bebê desenvolver leucemia nos primeiros dois anos de vida. A pesquisa faz parte da dissertação de Couto e foi premiada pela Associação Brasileira de Cosmetologia como o melhor estudo na área de Cosmetotoxicologia, durante o 17.º Congresso Brasileiro de Toxicologia, realizado em Ribeirão Preto.
  • Estimativa
  • Com o estudo, Couto chegou a uma estimativa de risco – duas vezes maior – em gestantes que se expuseram aos produtos químicos durante o primeiro semestre da gravidez. “Foram analisadas 14 marcas de tinturas e alisadores. Dos 150 componentes encontrados, 32 são potencialmente prejudiciais à saúde do bebê”, conta o pesquisador.
  • O projeto acompanhou 650 mães de todas as regiões do Brasil, exceto o Norte. Dessas, 231 tiveram filhos diagnosticados com leucemia antes de dois anos de idade e 35 delas usaram produtos químicos no cabelo nos primeiros três meses da gravidez. “É nesse período que o bebê está em formação e ocorre uma intensa divisão celular, podendo ocorrer alterações no DNA da criança”, explica Couto.
  • No entanto, o médico obstetra Inácio Teruo Inoue amplia o período de restrição. “Nem mesmo durante a amamentação eu autorizo qualquer produto químico que entre em contato com o couro cabeludo”, sentencia. Desse modo, diz ele, uma alternativa para as gestantes seria fazer luzes ou reflexos, que não atingem a raiz dos fios. Outra opção é a henna, um corante natural que não faz mal à criança. Em geral, as mulheres respeitam o período da gestação mesmo tendo de abrir mão temporariamente do visual preferido. “Que mãe não se assusta com a possibilidade de prejudicar o filho com essas químicas?”, questiona Inoue.
  • Mas parece que não são todas. Judith Genez é cabeleireira em Londrina e afirma que boa parte das gestantes não muda a rotina no salão. “Entre as minhas clientes grávidas, 40% continua pintando e alisando os cabelos enquanto esperam filho. Não existe nenhuma comprovação contrária”, pondera. Em todo caso, a professora universitária Lívia Laura Matté resolveu não arriscar. Ela começou a pintar os cabelos há pouco mais de um ano. “Decidi ficar ruiva e amei o resultado, mas, no início deste ano, quando começei a me planejei para engravidar no final de 2011, parei de pintar e retocar a raiz”, conta.
  • A decisão foi pessoal e, segundo ela, não houve indicação médica. “Até onde sei, não há estudos que comprovem os malefícios do uso de tintura no período gestacional, mas sempre ouvi que algumas tinturas possuíam substâncias nocivas, como a amônia”, justifica. “Até conversei com um cabeleireiro e ele disse que eu poderia usar tonalizantes, sem dano nenhum ao bebê. Quando engravidar, se o cabelo desbotar demais e o médico aprovar, vou usar tonalizantes.”
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