Médico do Paraná detido por não cumprir expediente em posto é solto

Saúde

O médico preso por cumprir apenas parte do expediente em um posto de saúde de Cascavel, no oeste do Paraná, foi solto no início da manhã desta quarta-feira (6).

O ginecologista havia sido detido na terça-feira (5) logo depois de ser flagrado deixando a unidade de saúde e se dirigindo para o consultório particular que mantém em uma clínica de especialidades no centro da cidade.

Segundo a Polícia Civil, a liberdade provisória foi concedida pela Justiça durante a madrugada e o ginecologista deixou a 15ª Subdivisão de Polícia pouco antes das 8h. O profissional passou a noite isolado em uma área da carceragem da delegacia, mas não chegou a ser colocado em uma cela. Ainda de acordo com os investigadores, funcionários do posto de saúde onde o médico trabalhava serão ouvidos a partir desta quarta.

Segundo a polícia, que registrou imagens do médico, o ginecologista registrou o cartão ponto na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Bairro Faculdade por volta das 7h e saiu minutos depois. O profissional foi seguido e visto entrando no consultório que mantém no centro da cidade. A prática ilegal foi registrada em imagens feitas pelos policiais durante ao menos três dias: na quinta-feira (30), na segunda (4) e nesta terça.

Também na terça-feira, a prefeitura de Cascavel afastou a coordenadora do posto onde o ginecologista deveria cumprir três horas por dia. A coordenadora era responsável por validar mensalmente o cartão-ponto do médico. No mesmo horário em que deveria estar no posto, ele atendia pacientes em uma clínica particular. Uma sindicância também será aberta pela Secretaria de Saúde para apurar o caso. Ambos podem ter de deixar o serviço público. Ele era servidor da prefeitura desde 2007.

O profissional recebia R$ 2.538,00 por mês para atender no posto de saúde e outros R$ 14,7 mil por expediente na Unidade de Pronto Atendimento (UPA). Em depoimento ao delegado Júlio Reis, o médico afirmou que não ficava na unidade porque “não tinha nenhum paciente”, por isso, “eventualmente” se ausentava para atender no consultório particular e em seguida voltava.

Inicialmente o ginecologista vai responder por crime de falsidade ideológica. A polícia apura ainda se houve peculato e omissão de socorro.  O flagrante é resultado de cerca de um mês de investigações feitas pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde da Câmara Municipal de Cascavel. Denúncias feitas por usuários de casos semelhantes vêm sendo checadas com a ajuda da polícia.

O Conselho Regional de Medicina disse que não vai se pronunciar sobre o caso.