Despreparados contra a dengue

Saúde

Boa parte dos 65 municípios do Paraná com prioridade no combate à dengue ainda não está preparada para enfrentar a doença. Problemas de estrutura e recursos humanos são algumas falhas que devem ser sanadas até o início do verão, quando a doença volta a aparecer com toda a força.

A Secretaria de Estado da Saúde apresentou uma análise sobre a atuação desses municípios no enfrentamento da dengue. Entre os principais pontos diagnosticados estão: 40% dos municípios avaliados não contam com um comitê gestor, 55% não têm integração dos agentes de combate de endemias com os agentes comunitários de saúde e 56,9% apresentam médio ou alto risco para ocorrência de epidemia de dengue.

“A partir deste diagnóstico, estamos elaborando uma série de ações para resolver os problemas até novembro, quando uma nova avaliação será feita”, explica o superintendente de Vigilância em Saúde, Sezifredo Paz. Segundo ele, a secretaria trabalha em parceria com outros órgãos, como Mi­­nistério Público e Associação dos Municípios do Paraná, para evitar nova epidemia no estado.

No primeiro semestre de 2011, o Paraná apresentou queda de 21% nos casos autóctones de dengue. Neste ano, foram 26.703 casos originados no Paraná, enquanto nos seis primeiros meses de 2010

o número chegou a 32.586. Para Paz, a redução é resultado do plano emergencial lançado em janeiro. “Estamos mantendo esse trabalho no inverno, que é um período historicamente de desmobilização. A dengue deve ser combatida durante todo o ano”, afirma. Segundo ele, o Paraná se encontra agora em um período de pós-epidemia.

Planejamento

Com base nos dados apresentados pela secretaria, as regionais de saúde trabalham com os municípios para dar ênfase na capacitação de pessoal e na conscientização da população.

Em Londrina, ações de capacitação têm sido planejadas para escolas. A ideia, segundo a diretora de Epidemiologia da Secretaria de Saúde de Londrina, Sandra Caldeira, é propor ações junto com os alunos para disseminar as informações na comunidade.

O município apresenta o maior número de casos confirmados da doença no estado (7.378) e já tem um comitê gestor atuante e agentes de endemias trabalhando de forma integrada com os agentes de saúde. “O problema é mesmo a conscientização. É uma questão cultural, um trabalho que leva muito tempo”, avalia Sandra. Em Londrina, há uma relação direta entre lixo, população pobre e clima favorável para o desenvolvimento da dengue. O maior número de casos da cidade costuma ser registrado na zona leste, onde há grande quantidade de lixo acumulada e acaba virando criadouros de mosqueto da dengue.