Sérgio Moro decide soltar presos da 20ª fase da Operação Lava Jato

Politica

O juiz Sérgio Moro decidiu nesta quarta-feira (25) soltar os dois presos da 20ª fase da Operação Lava Jato, deflagrada no dia 16.

O ex-gerente executivo da Petrobras Roberto Gonçalves e o suposto operador financeiro Nelson Ribeiro foram presos temporariamente, por cinco dias. Na sexta, o magistrado prorrogou o prazo por mais cinco dias.

As decisões de Moro vieram após a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público (MPF) se manifestarem afirmando que não havia necessidade de que ambos permanecessem presos. Apesar de nem todo o material apreendido ter sido analisado até o momento, a PF informou que não vê prejuízo na liberdade de Nelson Ribeiro.

“Deixo de representar à Vossa Excelência pela conversão da prisão”, afirmou o policial Filipe Hille Pace, que assinou o documento da PF. Já o MPF, que se pronunciou sobe Gonçalves, informou que não haviam requisitos necessários para decretar prisão preventiva do ex-gerente.

Para que permaneçam livres, os investigados devem comparecer a todos atos de processo e investigação, não se ausentar da residência por mais de 30 dias, não mudar de endereço, e não deixar o país sem autorização judicial.

 
OPERAÇÃO LAVA JATO
PF investiga esquema de corrupção
20ª fase

Ambos foram presos no Rio de Janeiro e levados para a carceragem da Superintendência da PF em Curitiba. Eles são suspeitos de participação no esquema criminoso de fraude, corrupção e desvio de dinheiro da Petrobras.

Com relação a Roberto Gonçalves, a investigação sustenta que há indícios de que ele, no cargo de gerente executivo da Petrobras, recebeu propina em contratos da empresa. Quando decretou a prorrogação da prisão, o juiz considerou bilhetes apreendidos pela PF na casa de Gonçalves.

“Em especial, há anotação manuscrita "Picte - não", que é provável referência ao Banco Pictet, exatamente a instituição financeira na qual teriam sido feitos os repasses de propina por Mario Góes para Roberto Gonçalves”, cita o juiz. Moro ainda fez referências a anotações que pareciam fazer alusão a bancos suíços usados por ex-funcionários da estatal para receber propinas.

Já o suposto operador financeiro Nelson Martins Ribeiro, apesar de ter sido liberado, foi indiciado pela PF pelos crimes de lavagem de dinheiro e evasão de divisas. No relatório, a investigação apontou ligações dele com o operador Bernardo Freiburghaus, réu em processo da Lava Jato, e ainda com funcionários da Odebrecht.

Conforme a PF, o exame das contas bancárias de Nelson Ribeiro indicou movimentação de US$ 190,2 milhões, além de € 4,45 milhões, entre os anos de 2009 e 2012.

Pasadena

Além da prisão dos dois suspeitos, a 20ª fase da Operação Lava Jato buscou apreender documentos que posam ajudar nas investigações sobre pagamentos de propina na compra pela Petrobras da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), o negócio gerou prejuízo de US$ 792,3 milhões à estatal.

"Assim como o Paulo Roberto Costa já tinha dito que recebeu propina no caso Pasadena, hoje nós temos o nome de inúmeros funcionários que receberam propina. A tramitação desse projeto é muito estranha e nós estamos aprofundando as investigações", afirmou o procurador do MPF Carlos Fernando dos Santos Lima.

Carlos Fernando ainda afirmou que é sabido que diversos funcionários da estatal têm contas bancárias no exterior. "Nós sabemos que muitos funcionários na Petrobras têm contas no exterior e nós vamos buscá-las", disse.