Pôsteres tentam profissionalizar imagem de prostitutas na Irlanda

Politica

Os idealizadores da campanha criaram pôsteres que mostram modelos sorrindo acompanhadas pela frase 'I chose the job that suits my needs' (em tradução livre, 'Escolhi o emprego que se adapta às minhas necessidades').

 

Um grupo de prostitutas irlandesas está fazendo uma campanha para combater preconceitos em relação à profissão.

A ideia, segundo o site do movimento, é apresentar uma versão mais equilibrada e realista da profissão, sem vitimizar ou glamourisar homens e mulheres que optam pela atividade.

A campanha foi intitulada Turn Off the Blue Light (em tradução literal, Apague a Luz Azul) e é uma reação a uma outra, intitulada Turn Off the Red Light (Apague a Luz Vermelha), que pedia a criminalização para acabar com o tráfico de mulheres no país.

Preconceito
Segundo as organizadoras da campanha, tanto as representações negativas da prostituição quanto as positivas são nocivas.

'Por um lado, existe a imagem dos trabalhadores da indústria do sexo como mulheres abusadas, controladas por cafetões, vítimas de tráfico, desamparadas e escravizadas', diz o site.

'Esta é uma visão incrivelmente negativa do trabalho e não é realista'.

Segundo o grupo, esse tipo de imagem é usado por entidades que fazem campanhas contra a prostituição para chocar o público.

'Isso diminui a autoconfiança das profissionais, encoraja o ódio à indústria do sexo e, o que é mais sério, passa uma mensagem para o público de que profissionais do sexo estão ali para ser abusadas'.

No outro extremo está a imagem da 'prostituta feliz', mostrando a profissão como uma forma glamourosa de ganhar muito dinheiro. Esta não é a experiência vivida pela grande maioria dos profissionais da área, diz o site.

Os pôsteres estão sendo oferecidos ao público em geral. A ideia é que simpatizantes da campanha distribuam os cartazes pelo país para informar a população.

Todos os cartazes tem textos que descrevem atividades cotidianas realizadas por uma mulher que, ao final, se revela como prostituta. Em um deles, é possível ler: 'Eu preciso deixar meu filho no treino de futebol, pegar minha filha na aula de dança irlandesa, pagar minha hipoteca e minhas contas, e eu sou uma profissional do sexo.'

'Temos certeza de que nossa campanha faz um retrato fiel da prostituição na Irlanda hoje, e esperamos que os pôsteres ajudem as pessoas a pensar de novo sobre como elas veem as profissionais do sexo', diz o site da campanha.

Legislação
A prostituição é uma atividade legal na Grã-Bretanha e República da Irlanda, desde que praticada por pessoas maiores de 18 anos.

No entanto, algumas atividades associadas à prostituição são proibidas, como oferecer serviços sexuais nas ruas.

Também é ilegal administrar bordéis.

Leis como essas teriam como objetivo colocar a responsabilidade sobre os que contribuem para a exploração comercial do sexo, isentando de culpa os que praticam a prostituição.

Segundo os organizadores da campanha Turn Off the Red Light, pelo fim da prostituição na Irlanda, essas leis não são suficientes e devem ser mudadas.

O grupo é uma aliança de várias ONGs que defendem direitos de imigrantes e de crianças e entidades de apoio a mulheres vítimas de violência. Entre elas, Barnardos, The Immigrant Council of Ireland e Rape Crisis Network of Ireland.

Em seu site, a aliança refuta a ideia de que a prostituição seja uma transação comercial inofensiva e consensual, entre adultos e cita os casos de vários países, entre eles, Suécia e Noruega, que optaram recentemente por criminalizar a compra (e não a oferta) do sexo - segundo a aliança, com resultados positivos.