Um dos principais goleiros da África do Sul está indo além de proteger o gol de sua equipe: ele também supervisiona as finanças de seus colegas.

Sean Roberts, do Ajax Cape Town, cuida das economias de quase 40 jogadores de futebol da liga sul-africana.
O atleta de 31 anos fez um treinamento em consultoria financeira depois de saber que uma lesão do joelho o afastaria para sempre do futebol.
Mas, contrariando as expectativas, ele conseguiu retomar sua carreira no esporte. Hoje, concilia a educação financeira e o futebol profissional, mesmo quando convocado para a seleção do país.
"Oitenta por cento dos jogadores de futebol sul-africanos estão completamente falidos cinco anos após pararem de jogar", argumenta Roberts à BBC Sport. "Os jogadores que ajudo são meus amigos, quero vê-los bem-sucedidos. É uma responsabilidade, mas também é ótimo tirar essa preocupação deles."
Volta por cima
Por conta de sua lesão, Roberts sabe por experiência própria como é importante se preparar para a vida após o fim da carreira esportiva.
"Me emociono sempre que lembro. O Ajax se preparava para me dispensar (após a lesão). Eu pedi mais uma chance, paguei pela minha reabilitação. E aqui estou, acabo de renovar meu contrato e fui chamado (para a seleção)."
Enquanto lutava para salvar sua carreira, ele usou seu tempo para voltar a estudar. E começou sua jornada para se tornar um consultor financeiro.
Nos dois anos em que ficou afastado dos campos e em reabilitação, aproveitou para conversar com jogadores e times sobre a profissão paralela.
E diz que escolheu trabalhar para seus próprios colegas porque ficou chocado com a falta de informação financeira de alguns jogadores, mesmo os que ganhavam fortunas com o futebol.
"O problema é que eles assinam um contrato de dois ou três anos e não se planejam para além disso. Eles vivem no presente", argumenta. "Você sabe que muitos desses caras, especialmente na África, não recebem educação. Então, o que fazem depois do futebol? Disse a eles que cuidaria de seu dinheiro para que, quando eles parassem de jogar, tivessem economias."
Roberts também critica o crescente número de pessoas que "orbitam" os jogadores. "Alguns agentes, não apenas na África mas também na Europa, são verdadeiros tubarões, que dão conselhos ruins aos atletas e desaparecem", acusa.
Conselhos
E que conselhos ele costuma dar a seus clientes?
"Economizar dinheiro requer muita disciplina. Parece fácil, mas não é", afirma. "Tento convencê-los a investir 10% a 20% de sua renda mensal. Se eles começam cedo, com 19 ou 20 anos, ao chegarem aos 30 têm um grande patrimônio."
Mas nem sempre ele consegue convencer os colegas.
"Alguns caras não topam, preferem dirigir seus grandes BMWs e não olhar para o futuro. Estou tentando mudar esse modo de pensar, mas leva tempo."