Entidade busca voluntários e recurso para censo do papagaio-da-cara-roxa

Politica

Está marcado para maio deste ano o primeiro censo anual no litoral do Paraná e de São Paulo, desde que o papagaio-da-cara–roxa, ave típica da região, saiu da lista de animais ameaçados de extinção.

Para que o trabalho seja realizado, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS)  busca ao menos 50 voluntários e financiadores. A entidade precisa arrecadar R$ 13 mil.

O papagaio-de-cara-roxa vive apenas na Floresta Atlântica. O litoral norte do Paraná é onde há o maior número deste animal. De acordo com as últimas estimativas da SPVS, que realiza um trabalho de preservação no papaguaio-de-cara-roxa desde 2008, dos quase 6.700 existentes no Brasil, cerca de cinco mil estão no Paraná.

A 13ª edição do Censo anual do Paraná e do 3º de São Paulo acontecerá nos dias 29, 30 e 31 de maio deste ano. O dinheiro precisa ser levantado até 22 de maio. Veja como doar.

O censo populacional é a contagem de todos os indivíduos que se deslocam para os dormitórios coletivos localizados no litoral do Paraná e no litoral sul de São Paulo. As contagens acontecem ao amanhecer, quando os papagaios saem dos dormitórios para buscar alimento, e ao entardecer, quando voltam para descansar.

Aquele que contribuir - com qualquer valor - irá receber uma recompensa, como canecas personalizadas, livros sobre a história do papagaio, fotos tiradas pelo fotógrafo de natureza Zig Koch. há inclusive a oportunidade de que os colaboradores acompanhem o censo, com custos de viagem inclusos.

Extinção
A última atualização da Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), tirou o papagaio-de-cara-roxa, da lista das espécies ameaçadas.

A avaliação é feita por categorias. No caso da ave, ela passou de "vulnerável" para "quase ameaçada" – o que representa uma melhora no ponto de vista da conservação, ainda que o risco não tenha sido totalmente eliminado.

O padrão utilizado pela União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) tem oito categorias para avaliar em qual estágio as espécies estão perante o risco de extinção: extinta, extinta na natureza, criticamente em perigo, em perigo, vulnerável, quase ameaçada, pouco preocupante e deficientes em dados. Em todo o Brasil, são 1.173 espécies na Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção.

Monitoramento de ninhos
Em 2014, a SPVS monitorou cerca de 100 ninhos ativos, a maioria artificial, e já registrou o nascimento de 107 filhotes. Ao longo de todo o projeto, foram registradas 1.200 atividades reprodutivas, 1.175 nascimentos de filhotes, sendo que 675 obtiveram êxito reprodutivo.

Segundo a coordenação do projeto, os dois motivos que trouxeram a ameaça de extinção para a espécie foram degradação do habitat natural e comércio de animais silvestres. Houve ainda um trabalho intenso de educação ambiental junto a população local, que no início do projeto, conforme a SPVS, desconheciam a ameaça de extinção sobre estas aves.

O nascimento e o desenvolvimento de filhotes papagaios-de-cara-roxa são monitorados por câmeras. Instaladas em ninhos, as câmeras são similares as de segurança e posicionadas interna e externamente, discretamente, para não perturbar o casal de aves nem os filhotes. A ideia é registrar os cuidados dos pais e todas as fases de desenvolvimento, do ovo até a saída do ninho.

As aves são vigiadas pela equipe de conservação da SPVS durante o período de reprodução, que vai de setembro a março.

Câmeras foram instaladas em ninhos de papagaios-de-cara-roxa para acompanhar nascimento e desenvolvimento dos filhotes (Foto: Rafael de Rivera / Divylgação / SPVS)Câmeras foram instaladas em ninhos de papagaios-de-cara-roxa para acompanhar nascimento e desenvolvimento dos filhotes (Foto: Rafael de Rivera / Divylgação / SPVS)