Comerciantes de vários municípios ligados à Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná (Cacispar) fecharam as portas por duas horas na manhã desta sexta-feira (27) para protestar contra a alta carga tributária sobre os produtos e serviços.
Os empresários reclamam ainda do descaso do governo com os vários setores da economia e da onda de corrupção pelo país.

Em Dois Vizinhos, um grupo de manifestantes fez uma passeata até a PR-281 na saída para São Jorge D’Oeste e se reuniu a caminhoneiros - que também protestam na região e bloqueiam a rodovia para veículos de cargas, com exceção das cargas vivas e perecíveis. Professores e funcionários da rede estadual de educação em greve também engrossaram o movimento pedindo melhorias na educação e o avanço nas negociações com o governo.
“Há muito tempo estamos tendo que arcar com uma série de aumentos dos impostos que fazem a margem de lucro diminuir cada vez mais porque também não podemos repassar tudo ao consumidor. É tanto imposto que chega uma hora que não dá mais”, comentou o presidente da Cacispar, Lindonês Colferai. “Os governantes precisam parar de se preocupar com as próprias regalias e trabalhar para o povo, que foi quem os elegeu.”
Segundo a coordenadoria no sudoeste, empresários de ao menos 15 municípios aderiram ao dia de mobilizações na região. O comércio ficou fechado das 8h às 10h em Flor da Serra do Sul, Mangueirinha, Marmeleiro, Dois Vizinhos, Capanema, Pranchita, Ampére, Renascença. Itapejara d'Oeste, Planalto, Santa Izabel do Oeste, Salto do Lontra, São Jorge do Oeste e Chopinzinho, que também abriu mais tarde na quinta-feira (26), a exemplo de Pérola d'Oeste. Em Palmas, a manifestação será das 17h às 18h. Houve protesto também em Capitão Leônidas Marques, no oeste.

Pecuária
Em Francisco Beltrão, produtores de leite também fizeram um ato na manhã desta quarta e dispensaram vários litros no Centro da cidade para mostrar os prejuízos do setor. “Estamos há vários meses acumulando perdas. Primeiro foi a falta de pagamento das indústrias, que aos poucos está se normalizando, depois a queda do preço em 40% nos últimos três meses, e agora os bloqueios nas estradas”, apontou o presidente da Rural Leite, Maciel Comunelo.
Por causa das interdições nas estradas, completa, o leite de 90% dos produtores da região não está sendo coletado. “Tudo está sendo jogado fora, na lavoura e em lagoas. São cerca de 2,7 milhões de litros por dia que não podem ser aproveitados. Alguns ainda estão conseguindo escoar para a indústria local. Mas, se continuar assim, daqui a pouco todos serão afetados”, comentou Comunelo ao explicar que o leite produzido na região abastece também indústrias de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e São Paulo. O mesmo acontece com os criadores de aves.
Ainda segundo o presidente da associação, o leite que está sendo dispensado pelos produtores não pode ser doado ou vendido diretamente aos consumidores porque é conservado resfriado in natura, antes de passar pelo processo de pasteurização, feito na indústria. "Na pasteurização o leite é esterelizado. Nesse processo é que as bactérias e outros elementos que podem causar uma intoxicação alimentar e até doenças como a tuberculose são eliminados", explica.
Confira aqui a relação dos trechos de rodovias estaduais e federais interditadas pelos caminhoneiros.