Nova assembleia de professores do PR é marcada para segunda-feira

Guarapuava

Uma nova assembleia para definir o rumo da greve de professores e funcionários da rede estadual de ensino no Paraná está marcada para as 8h30 desta segunda-feira (9) no Estádio da Vila Capanema, em Curitiba.

O último encontro da categoria no estádio foi na quarta-feira (4) e reuniu cerca de 20 mil trabalhadores. Em maioria absoluta, eles decidiram pela continuidade da paralisação, que completa 28 dias neste domingo (8).

Segundo a diretora de finanças do Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP-Sindicato), Marlei Fernandes de Carvalho, o retorno das aulas não será imediato caso os professores decidam encerrar a greve. "Teríamos que organizar algumas coisas ainda para que os alunos possam voltar com tranquilidade para a sala de aula". Marlei também não descartou a possibilidade de que os trabalhadores insistam nas exigências pendentes e decidam pela continuidade da paralisação novamente.

"Ainda falta definir um calendário de pagamento de atrasos que o governo deve sobre promoções e progressões, nomeação de 463 professores, porque eles [o governo] tinham prometido fazer um decreto e não fizeram ainda, e consolidar o tema da redistribuição de turmas porque ainda temos turmas superlotadas", destaca o presidente do APP, Hermes Leão.

Já o governo insiste em dizer que atendeu toda a pauta de reivindicações apresentada pela APP durante as negociações. Entre os compromissos firmados está a não apresentação de qualquer projeto de lei que suprima direitos dos servidores públicos e, em particular, dos educadores.

Quase um milhão de alunos estão sem aula
Os professores e funcionários de escolas públicas do Paraná estão parados desde o dia 9 de fevereiro, quando quase um milhão de estudantes deveriam ter começado o ano letivo. Desde então, os trabalhadores estão acampados em frente à Assembleia Legislativa do Paraná (Alep-PR). A mobilização dos servidores reúne cerca de 100 mil pessoas em todo o estado.

O psicólogo especialista em educação, Marcos Meier, explicou que os alunos podem ter sido os principais prejudicados durante o período. "Toda greve vai causar algum tipo de prejuízo. Isso é verdade e não tem como escapar. O calendário escolar da rede estadual é elaborado com 200 dias de aulas. Então, se diminuirmos essa quantidade de dias fora de sala de aula, o calendário vai precisar ser refeito com, por exemplo, aulas aos sábados ou até mesmo durante o período de férias, caso a greve continue". 

O pior dos prejuízos com relação aos estudantes, aponta Meier, é a desmotivação. "Muitos dos alunos que já estão em casa porque as aulas podem começar a qualquer momento poderiam ter estendido o período de férias, por exemplo. Ou seja, o aluno está em casa esperando que as aulas comecem e as aulas não começam. Isso pode, sim, deixá-los sem motivação", acrescenta. 

Meier também defendeu o lado dos grevistas. "Quando a gente fala nesses prejuízos, temos que olhar o outro lado. Permanecer com professores desmotivados em sala de aula também é um prejuízo não só para os alunos, mas para a sociedade em geral. Se eles [os professores] não fizessem greve, não fizessem manifestação, estariam desmotivados e, com certeza, isso implicaria, também, no conteúdo aplicado", detalha o especialista. "Então, apesar de o remédio ser ruim ou amargo, ele é remédio".

Sob pena de multa
O APP-Sindicato confirmou que foi notificado pela Justiça na sexta-feira (6) sobre a decisão judicial que determinou o retorno às aulas. O sindicato deverá informar oficialmente a categoria do teor da decisão até 24 horas depois, mas informou que deverá entrar com recurso contra a decisão liminar.

Ainda na sexta, Hermes Leão declarou que "há descrédito da categoria com relação às últimas propostas apresentadas pelo governo estadual".