O principal suspeito de matar a jovem Cíntia Quadros de Souza, de 22 anos, disse à Polícia Civil que a morte da ex-namorada foi um acidente. Paulo Leandro Spinardi, de 33 anos, prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (28), em Ponta Grossa, na região dos Campos Gerais do Paraná. Durante o depoimento, ele contou que a personal trainer caiu acidentalmente no buraco de quase 20 metros depois de escorregar.

"Ele admitiu que eles foram até o Rio São Jorge para conversar e que acabaram discutindo por ciúmes. Durante a discussão, ela acabou escorregando e caiu, segundo ele", explica a delegada responsável pelo caso, Tânia Maria Sviercoski Pinto.
A delegada afirma ainda que Spinardi relatou que, por um momento, a jovem ameaçou jogá-lo no buraco. "Ele contou que, no momento em que foi desviar da Cíntia, ela caiu", diz.
Spinardi deixou a delegacia de Ponta Grossa e foi transferido para a Cadeia Pública Hildebrando de Souza nesta quarta-feira. As investigações sobre o caso continuam.
Entenda o caso
A personal trainer Cíntia desapareceu no dia 14 de janeiro. A avó, com quem a jovem morava, registrou o boletim de ocorrência do desaparecimento na sexta-feira (16), 48 horas após o sumiço da neta.

No domingo (18), a Polícia Civil recebeu informações de que o corpo da personal trainer estaria na região do Rio São Jorge. Então, as buscas no local começaram.
O corpo de Cíntia foi encontrado na manhã de quarta (21), uma semana após o sumiço. De acordo com o Corpo de Bombeiros, Cíntia foi arremessada de um paredão de pedras de cerca de 20 metros.
Os policiais e os bombeiros levaram 5 horas para resgatar o corpo devido à dificuldade de acesso ao local. O laudo para apontar se a jovem foi morta antes ou depois de cair no paredão deve sair em fevereiro.
No dia seguinte, quinta-feira (22), o corpo da jovem foi liberado pelo Instituto Médico-Legal (IML) por volta das 8h30. Ainda em frente ao local, amigos e parentes da jovem fizeram uma corrente de oração. Em seguida, o corpo foi levado para o cemitério, onde foi sepultado. Não houve velório.
Suspeito
Horas depois de achado o corpo, o ex-namorado de Cíntia, que estava foragido, se apresentou à polícia. O homem de 33 anos, que já tem passagens na polícia por violência doméstica, ficou detido na delegacia até o novo depoimento. Em entrevista, na quinta-feira, o advogado Renato Tauille afirmou que o suspeito estava "abatido e chateado" na cela.
Se for condenado, o suspeito pode responder por homicídio qualificado e ocultação de cadáver. A delegada responsável pelo caso afirma que há várias provas que levam a crer que o ex-namorado é o autor do crime.
Foi com ele que Cíntia foi vista pela última vez. Segundo a avó materna da jovem, Maria Carvalho de Souza, a jovem saiu com o ex-namorado na hora do almoço para ir ao Departamento de Trânsito (Detran) do Paraná e não voltou mais para o trabalho, nem para casa.
A avó contou que Cíntia morou com o suspeito por quase seis meses. Porém, há pouco tempo, o casal havia deixado de viver junto, e a jovem estava na casa da avó. "Eles estavam brigando, mas voltavam. Agora, ela estava morando comigo", conta.
O ex-namorado da jovem chegou a prestar depoimento antes de o corpo ser encontrado. De acordo com a Polícia Civil, ele disse que os dois compraram um carro juntos e que, depois da separação, se encontraram para resolver a situação. O rapaz havia dito ainda que, após a conversa, deixou Cíntia perto de uma das duas academias em que ela trabalhava.

Protesto
Parentes e amigos da jovem realizaram uma passeata no sábado (24) em Ponta Grossa. Eles pediram justiça no caso. Os participantes do ato levaram faixas e usaram camisetas estampadas com a foto de Cíntia. Carros traziam mensagens com pedidos de justiça. Os motoristas fizeram um buzinaço durante o percurso.
Cerca de 200 pessoas participaram da passeata, que durou uma hora. Os manifestantes saíram da frente do Cemitério Municipal São José, no Centro, desceram a Rua Balduíno Taques e a Avenida Vicente Machado, encerrando o manifesto em frente ao Terminal Central.
