Preço do álcool cai e recupera competitividade

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O etanol voltou a ser mais vantajoso que a gasolina em algumas cidades da região Centro-Sul do Brasil nesta semana. Como a redução do preço do litro do álcool não foi acompanhada por uma queda na gasolina, os motoristas de carros flex voltaram a ganhar mais abastecendo com álcool.

Em Maringá, uma pesquisa realizada pela reportagem em dez postos na tarde de ontem mostrou que o preço do etanol variava entre R$ 1,92 e R$ 2,29 – R$ 0,37 de diferença. Já a gasolina ficava entre R$ 2,76 e R$ 2,95. Em Londrina, pesquisa idêntica revelou que o menor e o maior preço do álcool eram, respectivamente, R$ 1,68 e R$ 2,09, enquanto a gasolina ia de R$ 2,84 a R$ 2,89.

Com a mudança desta semana, o etanol é vendido por um preço que equivale a até 70% do valor da gasolina. Quando a diferença fica abaixo dessa porcentagem, é mais vantajoso abastecer com álcool. Essa verificação pode ser feita pelo próprio motorista, dividindo o valor do etanol pelo da gasolina. Se o resultado for de até 0,7, o álcool é a melhor opção; se for maior, a gasolina terá maior custo-benefício.

Entressafra

O preço do litro do álcool caiu porque o período da entressafra chegou ao fim. Das 30 usinas do Paraná, 26 estão em plena atividade – todas nas regiões Noroeste e Norte. Os postos que ainda praticam os preços antigos no estado são aqueles que têm no estoque álcool comprado semanas atrás, quando a quantidade do produto no mercado era pequena em relação à demanda, encarecendo-o.

O superintendente da Associação dos Produtores de Bioenergia do Estado do Paraná (Alcopar), Adriano da Silva Dias, afirma que a tendência é de que o preço caia ainda mais nos próximos dias, porque a nova safra, que se estende até o fim deste ano, ainda está nos primeiros passos. “À medida que a oferta vai aumentando, os preços caem, porque as usinas têm de vender para equalizar o fluxo de caixa”, explica.

Com a nova safra, a escassez de gasolina em alguns postos também deve acabar, previu o vice-presidente do Sindicom­bustíveis do Paraná, Eldo Bortolini. “Foram problemas pontuais que, esperamos, deixem de acontecer com a nova safra”, avalia.

No entanto, segundo Dias, se a quantidade disponível do etanol for maior que a demanda, os preços podem cair abaixo do custo de produção – que, atualmente, gira em torno de R$ 1. “Se isso acontecer, as empresas vão trabalhar no vermelho”, disse. “Nossa expectativa é de que o preço médio se estabilize em R$ 1,80”, completa.

Histórico

A seca que assolou várias regiões do Brasil no ano passado derrubou a produção de etanol e, consequentemente, aumentou o preço do combustível na bomba dos postos. Dias explica que o clima fez com que o Paraná deixasse de produzir cerca de 300 milhões de litros de álcool. Já na região Centro-Sul do país, foram 4 bilhões de litros. A situação foi ainda agravada pela entressafra, entre janeiro e o fim de abril, quando a produção também foi escassa.


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