O estado do Paraná está entre os que mais registram homicídios de mulheres em todo o país, segundo o Ministério da Saúde. A violência contra a mulher é o tema da 1ª Jornada Nacional Mulher Viver Sem Violência que ocorre em Curitiba até quarta-feira (25).O encontro, que começou na segunda (23), conta com palestras e oficinas sobre o tema.
De acordo com a organização, 1.400 pessoas devem participar do evento. A programação pode ser consultada na internet.
A capital paranaense foi escolhida para sediar o evento porque, conforme o Mapa da Violência, o número de mulheres mortas por agressões no estado passou de 227, em 2003, para 283, em 2013. O aumento, de 24,7%, coloca o Paraná como quinto estado onde mais acontecem crimes contra mulheres.
A abertura do encontro contou com a presença da ativista feminina que emprestou o nome para a lei que pune os agressores, a bioquímica e farmacêutica cearense Maria da Penha Maia Fernandes. Ela falou sobre sua história e a importância de denunciar o agressor.
"A mulher tem que denunciar, mas, antes disso, tem que se sentir segura de que a denúncia vai resultar em uma ação que vai livrá-la da situação de violência doméstica. Se as políticas públicas não forem realmente criadas e não surtirem efeito, essa mulher não voltará a denunciar", disse.
A falta de estrutura para solucionar o problema coloca o Juizado de Violência Doméstica e Familiar de Curitiba como a vara que possui o maior número de processos em trâmite no Brasil. a presidente da Comissão Violência de Gênero da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR), Sandra Barwinski, são mais de 20 mil processos.
A Prefeitura de Curitiba informou que várias medidas têm sido tomadas para reduzir a violência contra a mulher na cidade. Em 2014, foi implantada a Patrulha Maria da Penha, que ajuda a monitorar o cumprimento de medidas protetivas. No ano que vem, deve ser inaugurada a Casa da Mulher Brasileira, conforme a secretária da Mulher de Curitiba, Roseli Isidoro.
"Temos a clareza de que o desafio ainda é muito grande para fazer com que as mulheres se sintam seguras no momento de fazer a denúncia. E a forma de conferir segurança é ter os serviços que atendem a mulher em situação de violência dando resposta efetiva", contou.
O encontro é mais uma forma de tentar combater a violência contra a mulher. O grande número de assassinatos preocupa a ativista Maria da Penha. "Isso demonstra uma falha das políticas públicas e não pode acontecer. Quer dizer que, se a mulher denunciou e depois disso foi assassinada, há uma falha do estado e ele precisa repensar onde errou", ressaltou.