Cooperativas agrícolas da região de Londrina, no norte do Paraná, reclamam do alto número de assaltos que têm ocorrido nos últimos meses. De acordo com a Associação Norte Paranaense de Revendedores Agroquímicos (Anpara), em um ano, foram registados pelo menos 30 roubos, um prejuízo estimado em R$ 4 milhões.
Os ladrões geralmente roubam defensivos agrícolas, que chegam a custar R$ 5 mil a caixa, conforme a Anpara.
O perigo aumenta ainda mais na época de safra. Depois de tantos casos, as cooperativas suspeitam que os crimes tenham sido encomendados.
“Essa atividade está ficando de tão alto risco que as seguradoras não querem mais fazer seguro. Então, estamos ficando numa situação muito desconfortável”, reclama Sérgio Koyashiki, presidente da Anpara.
De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), as informações repassadas pela Anpara foram entregues para o Departamento de Inteligência do Estado do Paraná (Diep), que está fazendo as investigações necessárias.
Medo muda a rotina
O aumento no número de assaltos mudou a rotina no campo e nas empresas. Agricultores evitam armazenar agrotóxicos nas propriedades rurais. Lojas e cooperativas reforçaram a segurança.
Em um dos estabelecimentos, os defensivos agrícolas ficam em um galpão vigiado por câmeras, sensores de presença e de arrombamento. Para os produtos mais caros, as embalagens ficam guardadas dentro de uma gaiola de ferro. O acesso é restrito e só um funcionário tem a senha.
“Tem que ser assim porque é muito visado. A gente tem que fazer o máximo para manter o nosso patrimônio”, diz o funcionário.
Câmeras registram roubo
E mesmo com tanta vigilância, algumas empresas não conseguiram escapar da ação dos assaltantes.
Imagens de câmeras de segurança da cooperativa Belagrícola, em Apucarana, mostram a ação dos ladrões durante um assalto, ocorrido em maio. A quadrilha chega de madrugada e arromba a porta do depósito com a carroceria de um caminhão.
Depois, com um jato de extintor, os ladrões tentam impedir a gravação. Porém, quando o pó químico desaparece e a luz se acende, as câmeras mostram tudo. São pelo menos sete assaltantes, todos encapuzados.
Eles conferem o estoque e carregam dezenas de caixas de agrotóxicos. Em seguida, comemoram a ação. Em pouco mais de dez minutos, eles levaram uma carga avaliada em R$ 270 mil.
O vigilante e o caseiro foram rendidos durante o assalto. “Eles falavam para ficar quieto, para não reagir, porque só queriam o veneno”, conta uma das vítimas.
“A polícia tem que investigar, tem que ir atrás dos culpados, porque simplesmente deixar nas mãos das empresas, a gente não tem como lidar com isso", reclama Flávio Andreo, vice-presidente da Belagrícola, uma das cooperativas da região norte do Paraná.
Conforme a Sesp, três suspeitos de participação do assalto foram presos. Na ocasião, parte da carga de defensivos agrícolas foi recuperada. Outros quatro autores do crime já foram identificados e estão sendo procurados, de acordo com a Polícia Civil.