Preso da Lava Jato cita ex-ministro do governo Lula em depoimento

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O ex-vereador Alexandre Romano, que foi preso na 18ª fase da Operação Lava Jato, disse em depoimento à Polícia Federal (PF), que o ex-ministro da Secretaria de Comunicação do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, Luiz Gushiken, ofereceu a ele uma oportunidade de negócio.

Guschiken morreu aos 63 anos em setembro de 2013 em decorrência de um câncer.

Já Romano está detido desde o dia 13 de agosto na Superintendência da PF, em Curitiba.

Conforme Alexandre Romano, que falou à PF na sexta (14), o ex-ministro propôs a ele fornecer para um sindicato de Previdência complementar um programa de computador que ajudasse a calcular quanto os servidores públicos podiam pegar em empréstimos consignados. O acordo foi fechado entre os dois e o serviço passou a ser feito pela Consist Software em um convênio que atendia o Ministério do Planejamento.

O advogado Alexandre Romano, ex-vereador de Americana (SP), faz exame de corpode delito no Instituto Médico Legal (IML) de Curitiba. Ele foi preso na 18ª fase da Operação Lava Jato (Foto: Paulo Lisboa/Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)Alexandre Romano foi preso na 18ª fase da
Lava Jato (Foto: Paulo Lisboa/
Brazil Photo Press/Estadão Conteúdo)

Ainda durante o depoimento, o ex-vereador declarou que por ter intermediado o acordo, teria direito a 32% do faturamento da Consist. Ele disse ainda aos investigadores que decidiu, de maneira voluntária, doar parte do dinheiro que ganhou a Luiz Gushiken.

Segundo ele, o ex-ministro pediu para que ele entregasse a João Vaccari Neto, que à época atuava como tesoureiro do PT. Atualmente, Vaccari está preso no Complexo Médico-Penal em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba.

O ex-tesoureiro do PT, por sua vez, teria sugerido que Romano ajudasse financeiramente o Partido dos Trabalhadores (PT), segundo o depoimento. Contudo, o ex-vereador afirmou aos delegados que não concordou com o pedido e que a intenção inicial seria apenas retribuir parte do valor a Gushiken.

Segundo ele, foi então que Gushiken indicou que ele fizesse repasses a uma série de empresas. Conforme as investigações, algumas das empresas eram de fechadas e outras eram de consultorias e escritórios de advocacia.

Ainda segundo as investigações da PF e do Ministério Publico Federal (MPF), Alexandre Romano recebia recursos desviados do Planejamento desde 2010, segundo a PF. O total movimentado por ele até julho de 2015 teria superado R$ 40 milhões.

Gushiken foi ministro da Secretaria de Comunicação do governo Luiz Inácio Lula da Silva Lula. Ele exerceu três mandatos de deputado federal pelo PT (1987-1990, 1991-1994 e 1995-1999).

A defesa de Alexandre Romano e da Consist não foram encontradas pela reportagem. O Partido dos Trabalhadores (PT) disse que não vai comentar as acusações. A defesa de Vaccari Neto afirma que jamais intermediou dinheiro ilegal.

Prisão prorrogada
Nesta segunda-feira (17), o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, decidiu prorrogar a prisão temporária do ex-vereador de Americana, no interior de São Paulo, pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Alexandre Romano por mais um dia.

No despacho, o juiz contraria pedido da PF, que havia pedido a conversão da prisão de Romano em preventiva.

"Entretanto, a prisão temporária vence na presente data, o que, na prática inviabiliza o contraditório, pois a colocação em liberdade do investigado Alexandre Romano esvaziaria a eficácia da tutela pretendida com a preventiva", justifica Moro.

Desta forma, a defesa e o MPF devem se manifestar sobre a prisão de Romano até as 13h de terça-feira (18) - data em que vence a nova prisão.