Gol e Infraero são autuadas após cadeirante se arrastar em embarque

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Katya postou na internet a foto em que aparece sentada na escada da aeronave e fala sobre a dificuldade para embarcar (Foto: Reprodução / Internet)Katya postou na internet a foto em que aparece sentada na escada da aeronave na pista do aeroporto de foz do Iguaçu (PR) (Foto: Reprodução / Internet)

A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autuou a Gol Linha Aéreas e a Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) por irregularidades no embarque de uma cadeirante no aeroporto de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, no dia 1º de dezembro de 2014.

No total, a ação soma 11 autos de infração que podem resultar em uma multa de R$ 230 mil. A coordenadora de comunicação Katya Hemelrijk da Silva, de 39 anos, precisou se arrastar pelas escadas de um avião da companhia aérea porque a empresa não contava com equipamentos adequados. 

A decisão de autuar as envolvidas já havia sido anunciada pela Anac na época do incidente, porém só foi publicada nesta terça-feira (30) e se baseia na da "Resolução n° 280/2013, que dispõe sobre os procedimentos relativos à acessibilidade de passageiros com necessidade de assistência especial no transporte aéreo". O prazo para que ambas apresentem a defesa é de 20 dias corridos após a notificação.

"Não acho que esta tenha sido a melhor solução. Multa apenas não resolve. Espero sim que a Anac monitore o cumprimento das exigências e que possamos ter assegurado o direito de ir e vir de qualquer pessoa", comentou. "Este não é um problema só da Gol ou da Infraero, é um problema comum a todas as companhias aéreas e administradoras de aeroportos no país e que precisa de uma solução conjunta."

Em nota a Infraero informou que fez um investimento de quase R$ 9,7 milhões para a compra de 15 ambulifts, uma delas encaminhada para o aeroporto de Foz do Iguaçu. No terminal, porém, não permitiu que o equipamento fosse mostrado, alegando estar em uma área de segurança e restrita.

Já a Gol reiterou que lamenta o ocorrido e que vem tomando as medidas necessárias para evitar que situações como esta voltem a acontecer. “A companhia realiza investimentos significativos na questão da acessibilidade, tanto em suas aeronaves quanto no atendimento ao cliente, promovendo revisões constantes em todos os seus procedimentos para aprimorar o atendimento aos passageiros com necessidades de assistência especial (PNAEs).” Sobre o pronunciamento da Anac, disse não comentar autos de infração.

O caso
Em uma foto feita pelo marido, Katya aparece sentada nos degraus da escada que levava à aeronave. Ela disse que por conta dos riscos de fratura preferiu subir sozinha, já que é portadora de Osteogenisis Imperfeita, doença conhecida como 'Síndrome dos Ossos de Vidro'.

Ela decidiu subir se arrastando depois de se recusar a esperar três horas para que a stair trac - espécie de cadeira adaptada à escada - fosse preparada para o embarque.  Quando chegou a Foz do Iguaçu, três dias antes do retorno, ela desceu do avião com o equipamento. “No dia do embarque de volta esqueceram de recarregá-la. Ouvi pelo rádio que não estava pronta. Tinha compromisso em São Paulo e não podia esperar aquele tempo todo.”

De acordo com Katya, aquela foi a segunda vez que precisou subir as escadas de um avião se arrastando. “A primeira foi na minha lua de mel”, lembrou. “Nas duas ocasiões estava com meu marido e nós dois, mais do que ninguém, sabemos dos limites e dos riscos de uma fratura. Por causa da doença, que é congênita, já tive mais de 200 fraturas. Não queria ter mais uma. Subi da maneira mais cautelosa que podia”, explicou. "Isso sem falar na tripulação que estava sem saber o que fazer, completamente sem preparo. Esta situação é muito mais complexa do que a gente imagina. É preciso se colocar no lugar do outro para tentar entender", observou a cadeirante.