A Câmara Municipal de Foz do Iguaçu, no oeste do Paraná, começa a analisar na terça-feira (17) um projeto de lei que propõe o aumento de 15 para 19 no número de vereadores. As entidades que representam a sociedade já se manifestaram contrárias ao aumento nos gastos do Legislativo.
O orçamento de 2015 da Câmara é de R$ 24,7 milhões, no entanto, a presidência da Casa acredita que os gastos serão inferiores ao total orçado.
Desde janeiro de 2015, por exemplo, o Legislativo devolveu R$ 4,7 milhões aos cofres municipais.
Os gastos com os atuais 15 parlamentares, entretanto, são considerados altos. Um estudo do Observatório Social, baseado no orçamento, identificou que o custo anual da Câmara Municipal de Foz é de R$ 93 por habitante. Em Cascavel, no oeste, por exemplo, o custo é de R$ 62 por morador.
O custo também supera o da Câmara de Londrina e o da Câmara de Maringá, ambas no norte do estado. Os legislativos gastaram R$ 61 e R$ 48, por habitante, respectivamente.
“A Câmara Municipal tem um orçamento para 2015 de R$ 24 milhões, mas até setembro de 2015, ela gastou R$ 21 milhões. Isso quer dizer que se fizermos uma média, o custo da Câmara Municipal não pararia em R$ 29 milhões até o final do ano”, afirma o presidente do Observatório Social, Giuliano Inzis.
O presidente da Câmara, Fernando Duso (PT), diz que vai manter metas de economia. “O índice oficial de inflação do país nos últimos 12 meses bateu a casa dos 10%, mesmo assim, reapresentei o mesmo orçamento e manterei as metas de economia e fazendo a devolução aos cofres do município”, garante.
3% do orçamento municipal
Os representantes de entidades representativas dizem que é importante limitar o percentual de gastos do Legislativo. “Nós concordamos que a representatividade é importante, só que nós precisamos adequar isso àquilo que o contribuinte possa pagar. O que a gente propõe é que se limite o gasto em lei municipal em no máximo 3% da despesa corrente líquida do município”, diz o presidente da Associação Comercial e Industrial de Foz do Iguaçu (Acifi), João Batista de Oliveira.
A preocupação é a de que, sem uma lei específica, os gastos sejam ampliados nas novas legislaturas. “Mas, o que ocorrerá quando vier o próximo presidente? Ele manterá esta conduta, esse posicionamento? Nós queremos que a Câmara se comprometa com 3% do orçamento municipal, com esse percentual acredito que ela possa ter 21 vereadores ou até mais. O que nós estamos preocupados é com o custo anual da Câmara Municipal”, considera o presidente da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Foz do Iguaçu, Valter Cândido Domingues.
Lei permite mudança

possui 15 vereadores (Foto: CMFI / Divulgação)
A legislação brasileira permite que cidades com 160 mil a 300 mil habitantes tenham até 21 parlamentares nas câmaras municipais.
Em 2014, o vereador Hermógenes de Oliveira (PMDB) já tinha proposto a ampliação para 21 cadeiras. Depois de muita polêmica, o projeto foi arquivado. Em 2011, um projeto de lei parecido provocou a publicação de outdoors contrários na cidade.
Desta vez, o projeto de lei do vereador Dilto Vitorassi (PV) propõe o aumento para 19 parlamentares com a extinção de 15 cargos, entre assessorias e diretorias, o que acarretaria uma economia de R$ 1,3 milhão por ano.
O projeto deve entrar em primeira votação na terça-feira, que é a última sessão ordinária deste mês. Como se trata de uma alteração à Lei Orgânica Municipal, ela só pode ser votada em segunda discussão dentro de 10 dias. Assim, se for aprovada, a proposta só irá voltar à pauta do Legislativo em 1º de dezembro.