Asteclínio está preso no Peru desde o dia 14 de maio (Foto: Rodrigo Faucz / Arquivo pessoal)
O piloto paranaense Asteclínio da Silva Ramos, de 28 anos, que teve o avião abatido durante um voo particular e está preso no Peru, precisa ser transferido com urgência para um complexo médico, segundo o advogado de Direito Penal Internacional, Rodrigo Faucz.
Nesta quarta-feira (8), faz três meses que ele está com a bala alojada no abdômen.
O jovem está detido desde o dia 14 de maio e está com dificuldades para se locomover, ainda conforme o advogado. O piloto teve o avião derrubado pelo exército peruano por suspeita de tráfico de drogas no dia 15 de abril e ficou hospitalizado sob custódia da polícia peruana por três semanas. Depois, ele foi transferido para um presídio.
- Piloto preso emagreceu 20 kg e sofre para se locomover, diz advogado
- Piloto que teve avião abatido no Peru já sofreu acidente aéreo, diz Anac
- 'Houve um grande engano', diz mãe de piloto brasileiro preso no Peru
- Advogado de piloto preso no Peru diz que vai ao país encontrar autoridades
- Piloto chamado para fazer voo no Peru tem avião derrubado e é preso
- Piloto de monomotor faz pouso de emergência em lavoura do Paraná
"A autorização do pedido de transferência foi assinada pelo departamento penitenciário local, mas não tem data definida e também não sabemos se será para um complexo médico", acrescenta Faucz. A mãe do rapaz, Vera Lúcia Ingineri, diz que a burocracia do país é o que está dificultando tudo.
"Durante esses três meses, a gente já fez de tudo para tentar resolver e tirar meu filho daquele lugar. Não existe prova contra ele. Ele não deveria nem estar preso. Meu filho está doente (...), apavorado. Nós precisamos de ajuda", relata Vera.
Ainda de acordo com ela, desde que foi preso, no dia 14 de maio, Asteclínio emagreceu cerca de 20 quilos. "Ele tenta sobreviver em condições mínimas de alimentação e de higiene e ainda sofre extorsões diariamente naquele lugar".
Protesto
Na tentativa de chamar a atenção das autoridades e agilizar a transferência de Asteclínio para um complexo médico, amigos e familiares do jovem organizaram um protesto para este sábado (11). A concentração será na Praça Tirandentes, no Centro de Curitiba, a partir das 9h.
Entenda o caso
Depois de ser abatido, o avião caiu em uma área de mata e, em seguida, foi revistado pelos atiradores. Segundo o advogado, as equipes não constataram nenhum resquício de drogas e, em seguida, prenderam Asteclínio.
Um colombiano, que não teve o nome divulgado, era passageiro da aeronave e também ficou ferido e foi preso. O paranaense não conhecia o colombiano, segundo Faucz. O caso está sendo investigado pelas Forças Armadas do Peru.
"Nós não entendemos ainda o porquê de terem aberto fogo contra essa aeronave e de terem efetuado a prisão. Meu cliente nunca se envolveu com qualquer situação ilícita", relatou o advogado, que declarou ainda que Asteclínio concluiu o curso de piloto civil em 2013.
Asteclínio tinha ido até a Bolívia para verificar a possibilidade de cursar medicina. O homem que o contratou fez o pagamento adiantado do serviço, explica Faucz.
O governo peruano foi procurado para comentar a situação, mas as autoridades locais informaram apenas que estão tratando o caso diretamente com o Itamaraty.
O Ministério das Relações Exteriores informou que a Embaixada do Brasil, em Lima, foi informada pelas autoridades peruanas no dia 17 de abril sobre a prisão de Asteclínio por “estar pilotando aeronave que seria utilizada para transporte de quantidades consideráveis de drogas, destinadas ao mercado internacional”.

(Foto: Reprodução / RPCTV)
Acidente aéreo e habilitação suspensa
Asteclínio já tinha sofrido um acidente envolvendo outra aeronave no Paraná. O acidente foi em Foz do Iguaçu, na região oeste, em maio de 2014, segundo a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).
Na ocasião, segundo a Anac, Asteclínio tinha saído de um aeroporto particular da cidade em um monomotor brasileiro de prefixo PT-SNI para transportar quatro paraquedistas que pretendiam fazer saltos na região.
No retorno do voo, ele precisou fazer um pouso de emergência em uma plantação de milho após ter verificado falhas no motor. Ninguém ficou ferido.
Ainda de acordo com a Anac, desde a época desse acidente, Asteclínio teve a habilitação e o Certificado Médico Aeronáutico (CMA) suspensos e não renovou. Sem a renovação, ele não poderia fazer voos em terrirórios brasileiros. Para exercer a função no exterior, ele precisaria de outra autorização das autoridades do país a ser sobrevoado.