Uma carta com pedido de socorro foi encontrada por dois adolescentes – os irmãos Theo, de 14 anos, e Luana, de 12 anos – em Caiobá, no litoral do Paraná. Ela estava dentro de uma garrafa de água. Conforme o texto, a mensagem foi enviada por tripulantes de um navio que atracou no Porto de Paranaguá , em Paranaguá, no dia 6 de janeiro.
No pedido, o autor relatou que há quatro meses estava sem receber notícias da família e o salário combinado com o responsável pelo navio. Na carta, a pessoa ainda detalhou que o navio estaria em Paranaguá para carregar açúcar e logo depois seguiria para Bangladesh.
As crianças ficaram superanimadas. Contam para os amigos, para a barraca do lado, contam para todo mundo" Sabine Vieira, mãe dos adolescentes
Assim como na ficção, a descoberta mexeu com a imaginação dos irmãos. A mãe deles, Sabine Westphal Vieira, contou que ambos ficaram entusiasmados logo que acharam a carta.
Eles viram a garrafa na beira na praia, perceberam que tinha algo dentro e já levaram correndo para a mãe ver.
“As crianças ficaram superanimadas. Contam para os amigos, para a barraca do lado, contam para todo mundo”, disse Sabine.

A situação foi conquistando a atenção da mãe aos poucos, linha após linha. “Inicialmente, eu achei que era uma brincadeira, não dei crédito. Mas fui analisando a garrafa melhor, vi que era uma garrafa francesa que a gente não tem aqui. Peguei a carta e comecei a ler (...), e meu marido deu a ideia de levar até o Porto”, contou.
O papel, então, foi entregue à Capitania dos Portos e encaminhado à Polícia Federal. Assim que a embarcação atracou no Paraná, os policiais realizaram uma vistoria no navio para verificar se a denúncia de maus tratos e trabalho escravo procedia, mas conforme a Polícia Federal, nenhuma irregularidade foi encontrada.
A mãe afirmou que gostaria que os filhos pudessem ter ido até o navio e conhecer a pessoa que escreveu a carta. “Queria isso tivesse desenrolado mais para que meus filhos tivessem podido ir lá ver o barco, como era a condição...Pena que isso não aconteceu”.
A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA) informou que a embarcação ficou no Paraná até 9 de janeiro, quando terminou de carregar açúcar, e seguiu para Bangladesh.
A família de Theo e Luana mora em Curitiba e há 30 anos tem o hábito de passar o verão no litoral paranaense. Desta vez, a temporada reservou uma diversão a mais. Segundo a mãe, eles guardaram a garrafa com o bilhete e fazem questão de mostrar para todos os amigos que chegam em casa.