Vaccarezza disse que esclareceu à PF cada ponto
das denúncias contra ele.
(Foto: JBatista / Agência Câmara)O ex-deputado do PT e ex-líder do governo na Câmara Cândido Vaccarezza (SP) depôs nesta quarta-feira (17), por pouco mais de duas horas, à Polícia Federal (PF), em Brasília.
Dois delatores da Operação Lava Jato afirmaram em depoimentos à Justiça Federal do Paraná que o petista recebeu propina do esquema de corrupção que atuava na Petrobras.
À TV Globo, Cândido Vaccarezza afirmou que as acusações contra ele são inconsistentes. Ele disse ainda que, no depoimento desta quarta à PF, ele fez questão de esclarecer cada ponto das denúncias para que não restem dúvidas de que é inocente.
Segundo o Blog do Matheus Leitão, a PF abriu inquérito no âmbito da Lava Jato para investigar o ex-parlamentar. No despacho que autorizou a investigação de Vaccarezza, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Lava Jato na primeira instância, determinou o aprofundamento da apuração dos fatos relatados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa e pelo doleiro Alberto Youssef.
O magistrado também informou que o inquérito de Vaccarezza deveria tramitar de forma sigilosa para resguardar a "eficácia das diligências”. Moro ressaltou ainda que, por não ser mais parlamentar, Vaccarezza perdeu o direito ao foro privilegiado. Por isso, o caso poderia seguir na primeira instância.
Em depoimento à Justiça, Paulo Roberto Costa afirmou que, em 2009 ou 2010, participou de reuniões para discutir repasses para a campanha de 2010 de Vaccareza.
Já Youssef declarou ao juiz federal que, a pedido de Costa, entregou "por três ou quatro vezes" dinheiro ao ex-deputado do PT, sendo que cada entrega era de cerca de R$ 150 mil.
Vaccarezza também foi citado por Costa por ter supostamente recebido R$ 415 mil em um contrato de importação de asfalto da Petrobras.
Sérgio Gabrielli
Também nesta quarta-feira, o ex-presidente da Petrobras José Sergio Gabrielli prestou depoimento à Justiça Federal em Curitiba. O ex-dirigente foi arrolado como testemunha pela defesa do ex-diretor de Serviços da estatal Renato Duque, acusado de integrar o esquema de corrupção na petroleira.
No depoimento, que durou cerca de 20 minutos, Gabrielli negou ter conhecimento sobre irregularidades em licitações da Petrobras.
O ex-presidente da empresa relatou os procedimentos utilizados em licitações de grande porte. Segundo Gabrielli, nesses casos, o Conselho de Administração da Petrobras sempre discutia os contratos operacionalizados pelas diretorias antes que as contratações fossem realizadas.
Questionado pela defesa de Renato Duque sobre alguma suspeita com relação à conduta do ex-diretor nessas reuniões, Gabrielli disse que nunca teve conhecimentos de irregularidades. “Nada que levasse a imaginar que haveria comportamentos inadequados, ou a suspeitar de omissões de informações”, enfatizou.
Na sequência, o ex-presidente da estatal foi interrogado por um representante do Ministério Público Federal (MPF), que questionou se havia influência política para nomeações de diretorias da Petrobras.
“Imagino que sim, porque a escolha de um dirigente de uma empresa importante, estratégica, num setor mundialmente geopolítico, deve ter um critério político na escolha”, declarou Gabrielli.