'Ganhei um amigo', diz novo dono de cachorro que seguiu carro do IML

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Uma semana após seguirem o carro do Instituto Médico-Legal (IML) com o corpo do dono por cerca de 20 km, no Paraná, os dois cachorros, que foram adotados, estão se acostumando à nova rotina.

Um deles, o maior, foi adotado pelo homem que registrou em vídeo a cena emocionante (veja abaixo). O outro ficou com um vizinho do ex-dono.

“Ganhei um amigo”, conta o cinegrafista amador Carlos Fernandes dos Anjos. “No domingo passado, quando presenciei a cena dos cachorros seguindo o carro do IML, meu coração estava apertado. Hoje, uma semana depois, estou aliviado e feliz”, compara. Os dois cães foram encontrados na terça-feira (8). No dia, estavam bastante arredios, confusos e com fome e sede. “Agora estão tranquilos. Os dois são muito companheiros e carinhosos.”

O mecânico Mauro Batista de Freitas, de 61 anos, foi morto a golpes de machado quando voltava de uma pescaria, no dia 5, no distrito de Terra Nova em Assis Chateaubriand, no oeste do estado. O corpo só foi encontrado pela polícia no dia seguinte, depois de o suspeito de ter praticado o assassinato se entregar à polícia, confessar o crime e indicar o local. Os dois cachorros vigiaram o corpo por 20 horas.

Para homenagear o antigo dono, Carlos rebatizou o cão que adotou com um dos apelidos do mecânico: Neny. O outro, que não aparece nas imagens mas também acompanhou o corpo, agora se chama Pingo. “Eles estão bem. Mais tranquilos agora, comendo e brincando. Acho que logo vão se acostumar”, observa Carlos. “O meu voltou para casa ontem [sábado] do veterinário. Pedi para fazerem um check-up para saber se está tudo bem com ele.”

"Ele, o Pingo, já até me conhece", brinca Carlos ao falar do outro cão, adotado por uma vizinha da vítima. (Foto: Carlos Corujinha / Arquivo Pessoal)
"Ele, o Pingo, já até me conhece", brinca Carlos ao falar do outro cão, adotado por uma vizinha da vítima.

Menos abatidos, os dois estão se familiarizando com os novos donos. “Foi uma tragédia que, apesar de tudo, teve um final menos triste”, aponta Carlos. “Várias pessoas me perguntaram por que não fiquei com os dois. Não dá, porque já tinha dois em casa. Mas, o Pingo está bem, lá perto de onde morava e com outros companheiros. Visitei duas vezes e ele já até me conhece”, brinca. "Quero estar por perto sempre."

O suspeito de ter assassinado o mecânico permanece preso na delegacia de Assis Chateaubriand.