Londrina sofre com Pombos

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Os moradores de Londrina (379 km de Curitiba) vivem uma situação inusitada há cerca de uma década: com pouco mais de 500 mil habitantes, a cidade de 76 anos que nasceu planejada, se vê às voltas com o problema da superpopulação de pombos. A cena é comum para o londrinense que caminha desviando de árvores nas quais as aves fazem ninho e dormitório.


Na última contagem apresentada pelo município ao Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), de dois anos atrás, já eram 340 mil aves do tipo margosa, espécie nativa e que, por isso, demanda autorização do órgão ambiental para ações de manejo e controle, como o abate. Elas estão em todas as regiões, mas em maior presença na área rural e no centro da cidade, onde a oferta de alimento também é mais vasta. Maior produtor nacional de grãos, o Paraná tem na região de Londrina, por exemplo, importantes polos produtores de milho e soja, cujo desperdício atrai as aves.

Nos últimos três anos, o excesso das pombas tentou ser contornado, sem sucesso, com a construção de um pombal que funcionasse como dormitório. Instalado no centro, surtiu pouco efeito e ganhou a antipatia de parte dos moradores --a construção se deu dentro de um dos cemitérios mais tradicionais de Londrina.

Medidas como o uso de aparelhos sonoros para espantar as aves, instalados em um bosque da região central, e a poda sistemática de árvores em várias regiões também não solucionaram o problema, que deixa mobiliário urbano, ruas e calçadas cobertos pelas fezes das aves.

Em 2009, a administração municipal entregou ao Ibama um pedido para o abate de 48 mil aves --8.000 por mês, em seis meses. O órgão pediu o detalhamento sobre a técnica empregada e ações de manejo que extirpassem também as causas da superpopulação.

“Pedimos um levantamento para que se trabalhe em cima de dados --antes de mais nada precisamos, por exemplo, da contagem atualizada dessas aves. Se comprovada a necessidade do abate, aí vamos discutir a metodologia que o município apresenta. Mas nem a contagem veio ainda”, disse a coordenadora do núcleo de fauna do Ibama em Curitiba, Thaís Michele Fernandes.

De acordo com ela, o cronograma de ações requisitado à Prefeitura de Londrina menciona ainda as ações que a cidade pretende adotar pelo manejo das aves. “Londrina é um piloto para o Ibama do Paraná, porque até agora não foi feito controle dessas aves nessas condições. Por isso também é um processo demorado. Mas agora o andamento saiu da responsabilidade do Ibama”, diz a coordenadora. Indagada sobre as pombas do tipo doméstica, também presente em quantidade que chama a atenção, ela resumiu: “A pomba doméstica não precisa de autorização para o abate. E ela também é transmissora de doenças, vale frisar."

Pela prefeitura, não há previsão nem mesmo de quando uma nova contagem das aves poderá se iniciada. Conforme o secretário municipal de Meio Ambiente, José Faraco, “há conversas” com a UEL (Universidade Estadual de Londrina) para que esse levantamento seja feito por técnicos e professores da instituição.

“Não pode chegar abatendo as aves, ou passar isso para algum ‘picareta’ fazer --tem que ser na melhor técnica, e dentro da legalidade. Há duas semanas pedimos à UEL que acelerasse isso”, afirmou. Conforme o secretário, ações de manejo como o pombal e a poda e erradicação de árvores “reduziram em uns 30% a quantidade de pombos”, ainda que o poder público não saiba, efetivamente, quantos eles são. “Não pode ter pressa para resolver isso; não adianta as pessoas me apressarem. Prefiro demorar para resolver, mas cumprir as condicionantes do Ibama e não incorrer, no futuro, em crime ambiental”, concluiu.