As cartas de apoio para as famílias das vítimas do acidente que matou 51 pessoas na Serra Dona Francisca, em Santa Catarina, começaram a ser distribuídas na quarta-feira (8) em União da Vitória, na região sul do Paraná.
As correspondências foram escritas por estudantes do Colégio Estadual Ulysses Guimarães, em Foz do Iguaçu, no oeste do estado, e entregues na cidade em que a maioria das vítimas morava.
Eles saíram de União da Vitória um dia antes e atravessavam Santa Catarina para ir até um evento religioso em Guaratuba, no litoral do Paraná. Um dos sobreviventes relatou que o ônibus perdeu o freio.
Famílias emocionadas
O aposentado Sebastião Araújo perdeu dois filhos, uma nora e quatro netos no acidente.
Ele até tentou ler algumas palavras da carta que recebeu, mas a emoção falou mais alto. A neta teve que continuar a leitura da correspondência em voz alta.
“É muito importante, sabe? Se não fosse o apoio... não posso nem me lembrar, porque além de filhos, eram meus amigos”, conta. Araújo garante que, assim que estiver mais preparado, vai ler todas as cartas com muito carinho.
O neto do aposentando, Jonatan Araújo, acompanhou o avô no momento de buscar as cartas escritas para os seus pais e irmãos. “É um gesto para mostrar para a gente que ainda existem pessoas do bem, pessoas que se colocam no nosso lugar neste momento difícil. Eu acho bonito. A gente fica emocionado”, afirma.

Cláudia Ribeiro perdeu dois filhos no acidente. Na quarta-feira, o mais novo completaria 18 anos.
Sobre as cartas, ela diz que só tem a agradecer aos estudantes que enviaram as correspondências.
"O que aconteceu com meus filhos foi coisa de Deus. Os filhos não são nossos, são de Deus. Ele nos dá e nos tira, na hora que quer. Sinto muito por eles, que eram homens feitos. Sofri porque criei sozinha. Mas Deus faz a hora. Ele que sabe. Ele dá a joia para nós lapidarmos, quando acha que está lapidada, ele leva...”, acredita.
Cláudia ainda se mostra forte apesar as perdas. Mas não todos que conseguem segurar as lágrimas.
Adriana Ramos perdeu a filha de 16 anos. Com as cartas em mãos, ela tenta ser forte, mas, as poucas palavras que consegue ler, fazem com que a lembrança da filha ressurja com mais força ainda.
“Eu agradeço muito às crianças, muitas palavras bonitas. Se eu pudesse encontrar um deles, agradecer de perto, eu faria”, afirma.
