Diante da necessidade de se pensar em alternativas, a Companhia Paranaense de Energia (Copel) pretende ampliar a estrutura do parque eólico de Palmas, na região sul do Paraná, que é a cidade que mais venta no estado.A conta de energia elétrica ficará mais cara 14,62% no Paraná a partir de quarta-feira (24) – o segundo aumento neste ano, já que em março a conta já havia sido reajustada em 31,8%.
A justificativa para os reajustes está na estiagem. O governo precisou acionar as usinas térmicas, que têm um custo mais alto de produção. Mas existem fontes mais baratas e inesgotáveis de energia, como o vento.
Será um teste com aerogeradores três vezes mais potentes e com o dobro da altura dos que já estão instalados na cidade. Atualmente, a usina tem capacidade pra abastecer oito mil pessoas. Com a ampliação, vai poder abastecer 20 mil.
"O que tá se estudando agora são torres mais altas para se instalar nessa região para talvez ter um aproveitamento mais interessante", diz o presidente da Copel distribuição, Vladmir Daleffe.
Já existe investidor que acredita no potencial eólico dos Campos de Palmas. "Um projeto desse, a partir da hora que ele começa a gerar, ele se paga em oito anos", diz Francisco Puton, um dos investidores da região.
Um grupo de empresas particulares pretende investir aqui quase R$ 1 bilhão em três novas usinas. Eles esperam produzir 170 megawatts, energia que daria, por exemplo, para abastecer uma cidade de 300 mil habitantes.
Um dos novos parques eólicos vai ser em uma fazenda na região de Palmas, que tem área para criação de gado, reflorestamento, plantio de grãos e de batatas. Mesmo com a instalação da usina, a terra continuará produtivas.
A proprietária da fazenda, Beatriz Souza Puton, está otimista. "A economia da fazenda vai continuar. Não atrapalha em nada, inclusive vai melhorar, as estradas ficam melhores. Então, só traz benefícios. Aproveitar cada pedacinho de terra é importante hoje em dia. E agora nós vamos aproveitar o vento", diz Beatriz.
O empreendimento depende da licença prévia do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para sair do papel.
O parque eólicode Palmas
A usina na cidade de Palmas está em funcionamento desde 1999. Dezesseis anos depois, continua a única em solo paranaense.
Para a Copel, dona da usina, o resultado durante esses anos não foi o esperado.
"Os ventos aqui no Paraná não são ventos com muita intensidade e muita regularidade. Tanto é que a Copel hoje desenvolve projetos eólicos de grande porte no Rio Grande do Norte", explica o diretor de desenvolvimento e negócios da Copel, Jonel Iurk.
Lá, a Copel acaba de inaugurar sete parques eólicos, todos na cidade de João Câmara. Até 2019, a previsão é construir outras 21 usinas, um investimento que ainda neste ano deve chegar a R$ 2 bilhões.
História da energia eólica
O meteorologista do Simepar, Reinaldo Kneib, explica que o vento é provocado pela variação de temperatura. "Quanto mais a temperatura varia numa mesma região, ou nas regiões próximas, há uma mudança na sinergia do ar. Isso acaba favorecendo que o vento se forme e aumente a intensidade", diz Kneib.
A humanidade já usa a força do vento há milhares de anos. Mas foi só na década de 1970 que ela começou a ser usada pra gerar eletricidade. O primeiro aerogerador foi instalado em 1976 na Dinamarca.
No Brasil, a tecnologia chegou 16 anos depois, em Fernando de Noronha. Existem 266 usinas eólicas funcionando no país, que contribuem com 4,3% da produção nacional de energia elétrica. A expectativa é que isso mude nos próximos anos - a energia eólica é a que tem a maior previsão de crescimento entre as fontes alternativas.
Segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) há 114 usinas eólicas em construção no país e mais 330 em fase de licenciamento.